
Por Paola Dôliveira
A reforma tributária sobre o consumo no Brasil nos convida a navegar por mares abertos, com pouca previsibilidade, ainda que sob a liderança de um comandante experiente, a maior autoridade a bordo.
Para os navegadores, seguir rotas bem definidas economiza tempo, reduz custos e aumenta a segurança, garantindo uma travessia mais tranquila. Contudo, o contexto da reforma tributária recentemente aprovada, é uma rota ainda que precisa ser explorada, pois carrega inúmeras incertezas e complexidades.
Nessa analogia, o comandante experiente representa o líder — ou os líderes — responsáveis pelo tema dentro das companhias. Para atravessar mares desconhecidos, nossa bússola será a inovação, que assume um papel fundamental nessa jornada.
Ao embarcar, o comandante não precisa ser o único detentor da bússola. Democratizar a inovação e adotar uma liderança inclusiva serão essenciais para conceder autonomia a toda a tripulação. Em meio a mares agitados, colaboração e confiança são imprescindíveis para um trabalho em equipe eficaz e multidisciplinar.
Além disso, a implementação da reforma tributária exigirá engajamento e um papel ativo dos líderes como catalisadores da mudança, incentivando e acelerando a colaboração dentro e fora das companhias.
Diante das transformações significativas em jogo, os líderes precisarão atuar como pontes para o acesso a:
- Stakeholders internos – deverão ser engajados no tema (como as áreas de Compras, Logística, Tesouraria, Pricing, Tecnologia, entre outras);
- Fornecedores – poderão apoiar e impulsionar a implementação de soluções;
- Benchmarking – permitindo a troca de experiências entre líderes do próprio setor e de outros segmentos para entender tanto os mares já navegados quanto aqueles que permanecem inexplorados;
- Conhecimento e atualização – garantindo que as equipes se mantenham informadas, por mais desafiadora que possa parecer a conciliação dessas ações formativas com as demandas do dia a dia.
Dessa maneira, cai por terra o conceito de liderança baseada em comando e controle, dando lugar a um modelo que encoraja a inovação e incentiva que cada profissional tenha sua própria bússola e protagonismo para desbravar soluções. O papel do líder será construir, junto com o time, cenários que viabilizem decisões sustentáveis, rentáveis e estratégicas.
Convidar e dar espaço para a inovação, mover-se rapidamente da ideia à execução e gerenciar interdependências de forma sistêmica são exemplos de ações que precisam fazer parte do cotidiano dos líderes responsáveis pela reforma tributária no âmbito das empresas.
O líder ágil viabiliza a experimentação e o aprendizado por meio da diversidade, sem perder de vista os objetivos de curto, médio e longo prazos, além do retorno sobre os investimentos. Assim como em alto-mar, mesmo que estejamos sob o comando dos mais experientes, navegaremos com baixa previsibilidade, muita exploração e possíveis tempestades. Mas, certamente, podemos lançar mão da inovação e da agilidade para tomar decisões e solucionar desafios.
Ninguém estará sozinho nessa expedição. Juntos, desbravaremos novas rotas que farão história e trarão impacto para os negócios, para as áreas tributárias e para os profissionais envolvidos. Aplicar conceitos de liderança ágil será um diferencial na construção de um caminho sólido, ainda que sujeito a mudanças de rota diante de ventos fortes.
Que sejamos comandantes hábeis a gerar valor e prontos para aprender continuamente ao longo dessa jornada.
Paola Dôliveira é sócia de Tax Transformation & Innovation da KPMG no Brasil
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