
Por Redação
Em evento promovido pela ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) na terça-feira (11/02), Lucas Ribeiro, especialista em tributação e CEO da ROIT, abordou os impactos significativos da reforma tributária nas operações empresariais.
Durante sua apresentação, Ribeiro apontou que a reforma vai além das alterações nos tributos, trazendo implicações profundas nas necessidades de capital de giro e na reestruturação logística das empresas. Ele alertou especialmente para os efeitos do fim de benefícios fiscais e incentivos, que afetarão diretamente o fluxo financeiro das organizações.
Mudanças no PIS e Cofins
A partir de 2026, com a reforma em vigor de forma gradual, os tributos como PIS e Cofins serão substituídos pela CBS em 2027. De acordo com Lucas Ribeiro, muitas empresas enfrentarão margens reduzidas e a necessidade urgente de renegociar contratos, especialmente com fornecedores do Simples Nacional.
“O grande desafio será a gestão do capital de giro. O pagamento antecipado dos tributos exigirá um fluxo de caixa mais robusto e uma adaptação rápida ao novo cenário“, alertou o CEO.
Split payment
Lucas também explicou a introdução do sistema de “split payment”, que separa automaticamente os valores de tributos no momento do pagamento. Ele mencionou que, com a reforma, o número de alíquotas pode chegar a 33.422 devido à autonomia dos municípios para definir suas próprias taxas. Sem a adoção do split, a alíquota de referência poderia atingir 30,3%, mas com a implementação do split, estima-se que a alíquota seja reduzida para 28%. “O split é crucial para alcançar os 28%”, afirmou.
Além disso, ele frisou a importância da integração eficaz entre os sistemas fiscais e financeiros das empresas para garantir conformidade e eficiência, um desafio que as organizações precisarão superar.
Impactos para a Indústria
Lucas Ribeiro comentou que o setor industrial será um dos mais impactados pela reforma, principalmente devido à perda de benefícios fiscais e incentivos.
“A indústria concentra a carga tributária. Hoje, os próximos da cadeia não tributam. Quando não há mais a instrução tributária nem a monofasia, o que vai acontecer com essas empresas? Elas vão ter uma tributação menor na indústria, mas terão uma tributação maior nos próximos da cadeia“, explicou.
Segundo ele, essa mudança acarretará uma reprecificação significativa dos produtos, impactando toda a cadeia produtiva.
Adaptação
O CEO detalhou, ainda, as transformações que as empresas precisarão enfrentar com a reforma, dividindo o processo entre o cenário atual (“AS-IS”) e o futuro (“TO-BE”). Segundo ele, muitas organizações terão que lidar com um “delta” considerável em seus custos e operações, exigindo ajustes rápidos e estratégicos.
Apesar da promessa de simplificação tributária, a reforma trará novos desafios, como a renegociação de contratos e a readequação dos sistemas internos para garantir a conformidade até 2033.
Ao final da palestra, Lucas deixou um alerta aos presentes: “Estamos falando de uma maratona, não de uma corrida de curta distância. As empresas precisam se preparar desde já para enfrentar os desafios que virão“, concluiu.