
Por Karen Miura
A Reforma Tributária brasileira, que entra em vigor em 1º de janeiro de 2026, promete mudar drasticamente o sistema tributário nacional, impactando a estrutura fiscal das empresas e exigindo uma adaptação robusta dos sistemas de gestão. Para atender às novas regras, empresas de tecnologia responsáveis por sistemas como, por exemplo, a SAP já começaram a liberar atualizações essenciais em seus módulos. Nesse artigo elegi a empresa SAP como exemplo dado o seu alcance e, também, ciente de que muitas outras empresas estão aguardando as suas atualizações para poderem, inclusive, ajustar os seus próprios sistemas operacionais que orbitam esse universo SAP.
Este artigo explora as principais atualizações lançadas pela SAP, os desafios para as empresas e as estratégias recomendadas para garantir uma transição eficiente para o novo modelo tributário.
E o que pude observar é que em seu ERP “SAP ECC” e sua respectiva versão cloud “S/4HANA”, o que está se buscando garantir é que empresas no geral estejam em conformidade com as mudanças – ou seja – ajustes básicos, mas sem muitas inovações.
Dado o impacto da Reforma Tributária que introduz um novo modelo de tributação baseado no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), substituindo tributos federais, estaduais e municipais, restou à SAP iniciar a liberação de notas técnicas, ajustes nos módulos fiscais e atualizações nos processos de cálculo de impostos.
De forma muito resumida trarei apenas para fins de contexto as principais alterações tributárias, considerando que todas foram amplamente exploradas aqui nesse D. Portal:
• CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – Substituirá PIS, COFINS e IPI no âmbito federal.
• IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – Unificará ICMS e ISS, criando uma nova base de arrecadação compartilhada entre estados e municípios.
• IS (Imposto Seletivo) – Criado para substituir o IPI sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.
As mudanças exigem que empresas modernizem seus sistemas de gestão fiscal para garantir que os novos tributos sejam corretamente calculados, apurados e reportados. Diante dessas alterações, a SAP já liberou um conjunto de Notas Técnicas, orientando empresas e consultores sobre as mudanças no sistema exclusivamente para atender à Reforma Tributária.
Abaixo traga um resumo das notas “SAP” publicadas:
1. Nota 3563053: Define os níveis mínimos de Support Package necessários para o SAP ECC e S/4HANA.
2. Nota 3561376: Servirá como referência principal, sendo atualizada regularmente com novas diretrizes.
3. Nota 3552901: Ajustes na transação J1B*N, fundamental para a gestão fiscal no Brasil.
4. Nota 3552903: Atualizações estruturais nos domínios e tabelas de impostos para acomodar os novos tributos.
O objetivo dessas atualizações é garantir que o cálculo tributário seja realizado corretamente dentro do SAP, minimizando riscos de conformidade e garantindo a eficiência operacional.
Um importantíssimo ponto e, que demonstra que a Reforma não é apenas Tributária é que para se adequar à nova realidade tributária, as empresas precisarão atualizar diferentes módulos do SAP, garantindo que todos os processos de compra, venda e controle fiscal estejam alinhados às novas exigências. Ou seja, os impactos acontecerão nos principais módulos do SAP, em especial:
• FI (Financial Accounting): Necessário para revisar regras fiscais, novas alíquotas e estruturação do novo modelo de apuração do IVA.
• MM (Materials Management): Ajustes no processo de compras, garantindo que o cálculo dos tributos esteja atualizado nos pedidos de aquisição.
• SD (Sales and Distribution): Implementação do novo modelo tributário nas operações de vendas e faturamento.
Além das mudanças nos módulos, o SAP poderá exigir integração com soluções externas para cálculo de impostos, especialmente para empresas que utilizam a versão pública do SAP S/4HANA Cloud. O que abre espaço no mercado para diferentes soluções como motores de cálculo – que por sua vez podem abrir espaço para outras novas soluções como buscadores mais eficientes de legislações.
Isso nos traz desafios e e nos desafia a termos melhores estratégias para uma transição segura, transição essa para a nova estrutura tributária que não será simples e exigirá planejamento. Incluo algumas recomendações para empresas que utilizam o SAP mas que podem servir para quaisquer outros ERPs:
• Implementação Antecipada: Iniciar o quanto antes a aplicação das Notas SAP e preparar os sistemas para a nova tributação.
• Testes Rigorosos: Realizar testes em ambiente controlado, simulando diferentes cenários fiscais para evitar erros no cálculo dos novos tributos.
• Treinamento das Equipes: Garantir que os times de finanças, tecnologia e compliance fiscal estejam preparados para a nova dinâmica tributária.
• Monitoramento Contínuo: Acompanhar as novas atualizações da SAP e mudanças legislativas para manter o sistema sempre em conformidade.
A preparação antecipada é essencial para evitar riscos de não conformidade, multas e problemas operacionais quando a nova tributação entrar em vigor. Por outro lado, o futuro da governança fiscal com a Reforma Tributária é seguro para as empresas que adotarem uma nova mentalidade de governança, focada em automação, transparência e eficiência financeira.
Os conselhos de administração e CFOs terão um papel ainda mais estratégico, garantindo que a adaptação à nova legislação ocorra de forma integrada aos objetivos de crescimento e competitividade da empresa. Minha atuação como Conselheira de empresas tem sido justamente nesse sentido: ajudar organizações a se prepararem estrategicamente para o futuro, garantindo inovação e conformidade financeira ao mesmo tempo.
A integração entre finanças e tecnologia será fundamental nesse processo, e empresas que iniciarem a adaptação agora sairão na frente, aproveitando as oportunidades trazidas por um sistema mais eficiente e digitalizado.
Ou seja, adapte-se agora para não correr riscos depois.
A Reforma Tributária não é mais uma possibilidade futura – é uma realidade que já começou a impactar as empresas. Com as notas SAP já disponíveis e a necessidade de ajustes nos sistemas de gestão, o momento de agir é agora.
Empresas que se anteciparem e investirem na modernização de seus ERPs estarão preparadas para operar com eficiência no novo cenário tributário, reduzindo riscos e garantindo maior competitividade no mercado.
A pergunta que fica é: sua empresa já começou a transição?
Karen Miura atua como CFO (Chief Future and Financial Officer), CVO (Chief Visionary Officer) e Conselheira Consultiva de Startups para Futuro e Inovação. Lidera o Squad da reforma tributária da W-CFO.
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