
Por Paulo Zirnberger de Castro
O Brasil não aproveita as oportunidades. E poucos têm coragem de dizer o porquê.
Enquanto o mundo está em guerra, o Brasil tem, mais uma vez, uma oportunidade única: combater as injustiças sociais, atrair investimentos, realizar reformas estruturantes, melhorar sua produtividade e competitividade no cenário internacional.
Mas para isso, precisamos encarar de frente nossos maiores entraves.
- Estado gigante, ineficiente e gastador
A máquina pública brasileira consome mais de 33% do PIB, mas entrega serviços de baixa qualidade em saúde, educação e segurança. Meritocracia é exceção, e a velha máxima — “aos amigos tudo, aos inimigos a lei” — continua a reinar.
Enquanto isso, o setor privado, que poderia puxar o crescimento, é estrangulado por regulações, burocracia, impostos e procedimentos mal desenhados. - Burocracia sufocante
Abrir, operar ou fechar uma empresa é uma maratona. O “Custo Brasil” pesa quase um quarto do PIB. Cada formulário, cada obrigação acessória, cada interpretação dúbia alimenta a indústria do contencioso e da corrupção — que já acumula o equivalente a 75% do PIB em disputas tributárias. - O empresário ainda é tratado como vilão
Quem gera empregos é alvo de desconfiança, regulações hostis e tributação predatória. Sem um ambiente que reconheça o empreendedorismo como motor de prosperidade, seguimos prisioneiros de ciclos populistas e assistencialistas de curto prazo. - Educação nunca foi prioridade nacional
Seu efeito é lento, não gera votos imediatos. Por isso, nossa formação acadêmica segue desconectada da produtividade, da inovação e da solução de problemas reais. Enquanto países concorrentes investem em pensamento crítico e empreendedorismo, aqui seguimos formando seguidores dóceis. - Corrupção e impunidade institucionalizadas
A burocracia excessiva gera oportunidades para pequenos e grandes desvios. Bilhões desaparecem — e o sistema judicial, lento e politizado, assegura que, no Brasil, o crime e a esperteza continuam compensando. - Injustiça social que se perpetua
O sistema que protege privilégios e desperdícios é o mesmo que nega oportunidades básicas a milhões de brasileiros.
A desigualdade no acesso à educação, saúde e segurança é uma ferida aberta que não se cura apenas com slogans ou programas emergenciais. Sem crescimento econômico sustentado, simplificação tributária, reformas estruturantes, meritocracia e serviços públicos eficientes, o Brasil continuará gerando desigualdade — e não inclusão real.
Seguimos presos aos mesmos erros.
Sem coragem e líderes para enfrentarem esses problemas de continuaremos sendo o país do “potencial gigante” e dos resultados pequenos.
A Reforma Tributária pode e deve ser uma luz no fim do túnel.
Mas para isso, ela precisa encontrar um novo rumo: um projeto que de fato simplifique o sistema, combata o empreguismo, elimine a burocracia desnecessária e resgate a segurança jurídica, hoje afundada em interpretações oportunistas.
Oportunidade Histórica:
✅ O mundo procura novos destinos para investimentos.
✅ O Brasil possui território, recursos, população e mercado interno.
Mas precisa de coragem para reformar de verdade:
- Estado enxuto e meritocrático.
- Sistema tributário simples, previsível e competitivo.
- Educação moderna e conectada à economia real.
- Respeito à iniciativa privada como motor de transformação.
- Combate firme à corrupção e à injustiça social.
O mundo muda — e a história não espera.
O Brasil precisa escolher:
Potência real ou promessa eterna?
Paulo Zirnberger é CEO da Omnitax e especialista em tributação e tecnologia fiscal. Engenheiro e mestre pela FGV/EAESP, com formações em Wharton, Harvard, Universidade de Colônia e certificação pelo IBGC, acumula mais de 30 anos de experiência em inovação tributária e transformação digital.
Coautor e idealizador da Lei 199/2023 de Simplificação Tributária, contribui ativamente para a Reforma Tributária e a redução do Custo Brasil. À frente da Omnitax, lidera soluções tecnológicas para ajudar na gestão e otimização das complexidades tributárias de hoje e dos próximos 8 anos com a implementação da reforma tributária.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.