
Por Wagner Dirlon
Vivemos uma era em que mudanças estruturais estão deixando de ser exceções e se tornando a nova regra. A Reforma Tributária, um dos maiores marcos da transformação institucional do Brasil nas últimas décadas, é um exemplo claro dessa nova dinâmica. Mais do que uma alteração técnica no modelo de arrecadação e repartição de tributos, trata-se de uma mudança sistêmica com impactos profundos sobre os modelos de negócio, as relações federativas, a estratégia das organizações e a vida dos cidadãos.
Nesse cenário, não basta saber “o que vai mudar” na Reforma. A verdadeira vantagem competitiva virá de quem souber navegar na complexidade do novo sistema, entender seus efeitos em cadeia e liderar transformações internas com agilidade, colaboração e visão de futuro.
É aí que entram as Innovation Skills.
As habilidades que nos trouxeram até aqui não serão suficientes para nos levar adiante
Vivemos um tempo em que as mudanças são exponenciais, os mercados estão mais competitivos do que nunca e a complexidade virou parte do jogo. Nesse novo cenário, as habilidades que foram fundamentais no passado — embora ainda importantes — já não bastam para sustentar o sucesso no presente e muito menos garantir o protagonismo no futuro.
As Innovation Skills surgem como um novo patamar de competências exigidas pela era dos ecossistemas: ambientes vivos, interdependentes, mutáveis, nos quais empresas, pessoas, governos e tecnologias coexistem e impactam uns aos outros em tempo real.
Essas habilidades representam uma evolução natural das competências humanas e organizacionais:
- Inner Skills – voltadas para os desafios individuais: autoconsciência, foco, resiliência emocional.
- Soft Skills – fundamentais para a atuação coletiva: colaboração, comunicação, empatia.
- Hard Skills – essenciais para operar tecnicamente nos sistemas de negócio: finanças, dados, processos.
Agora, porém, um novo nível é exigido: o das Innovation Skills, capazes de dar conta dos desafios sistêmicos e interdependentes dos ecossistemas modernos.
Por que falar de inovação quando o tema é tributação?
Porque a Reforma Tributária não é um fim em si mesma. Ela é o início de uma nova arquitetura institucional, fiscal e operacional. Estamos diante da construção de um novo ecossistema tributário — e, com ele, surgem novos desafios e oportunidades.
Empresas precisarão redesenhar processos logísticos, fiscais e estratégicos. Governos precisarão repensar políticas de arrecadação e mecanismos de controle. Profissionais da área terão que aprender, desaprender e reaprender em ritmo acelerado. E toda essa transformação exige muito mais do que domínio técnico.
Ela exige pensamento sistêmico, agilidade organizacional, empatia, experimentação e liderança conectada com o tempo presente.
10 Innovation Skills fundamentais para a liderança na era da Reforma Tributária
- Pensamento Sistêmico – enxergar o todo, suas conexões e consequências não óbvias.
- Criatividade Aplicada – gerar soluções novas e úteis para problemas complexos.
- Adaptabilidade Radical – ajustar-se rapidamente a contextos em transformação.
- Aprendizagem Contínua – aprender, desaprender e reaprender de forma ágil.
- Mentalidade Empreendedora – agir com protagonismo e senso de dono.
- Inteligência Ecossistêmica – compreender e influenciar múltiplos atores e interesses.
- Inovação Colaborativa – cocriar com outros times, parceiros e até concorrentes.
- Capacidade de Experimentação – testar hipóteses rapidamente e iterar com segurança.
- Alfabetização Digital – aplicar tecnologias emergentes de forma estratégica.
- Influência Positiva em Rede – mobilizar pessoas e recursos para transformações coletivas.
E o papel da liderança?
A liderança que se destaca hoje é a que cultiva essas Innovation Skills em si e em suas equipes. Porque entende que o jogo mudou. O desafio não é mais “controlar variáveis” — é criar as condições para que a inovação aconteça de forma orgânica, sustentável, colaborativa e com capacidade de adaptação constante.
Liderar com Innovation Skills é:
- Estimular o pensamento crítico em vez da repetição.
- Atuar com clareza mesmo em cenários ambíguos.
- Fomentar ambientes de aprendizagem contínua.
- Criar estruturas que respondam rapidamente à mudança.
Conclusão: liderar a Reforma é mais do que se adaptar — é moldar o futuro
A Reforma Tributária é, sem dúvida, uma das mudanças mais significativas da nossa história recente. Mas, como toda grande transformação, ela carrega consigo dois caminhos possíveis: o da reação ou o da reinvenção.
Os líderes e organizações que escolherem o primeiro caminho — o da mera adaptação — podem até sobreviver no curto prazo, mas dificilmente prosperarão em um ecossistema em constante mutação. Já aqueles que se posicionarem no segundo caminho — o da reinvenção — estarão não apenas preparados para o novo cenário, mas também prontos para moldá-lo.
É por isso que as Innovation Skills não são apenas um diferencial competitivo. Elas são uma urgência estratégica.
Em tempos de Reforma, não basta entender de tributos. É preciso entender de sistemas, de pessoas, de redes e de futuros possíveis. É preciso liderar com consciência ampliada, coragem para experimentar e capacidade de conectar pontos que antes pareciam distantes.
Aqueles que desenvolverem essas habilidades não apenas atravessarão a Reforma com mais segurança — serão protagonistas de uma nova era.
Porque no fim, a verdadeira revolução não está apenas no sistema tributário. Está em como escolhemos nos posicionar diante da mudança.
Wagner Dirlon tem sólida vivência em liderança estratégica e gestão de pessoas, com foco em transformação de processos, melhoria contínua e desenvolvimento de equipes de alto desempenho. É Head of Finance & Tax Services Brazil na Neodent. É fundador da Leading IsCool.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.